O trecho abaixo é de resenha escrita por Cláudio Lessa no site Direto da Redação (www.diretodaredacao.com.br). Trata de uma suposta prova científica de que monogamia é um mito cultural imposto pela Igreja. Veja um trecho (depois, veja porque se trata de uma suposta prova):
“Finalmente a Ciência teve a coragem de enfrentar a Igreja em seu último reduto: atesta, por meio de pesquisa séria, estruturada, que o casamento não passa de uma "união de fachada" para a maioria dos seres humanos - e isto por um motivo muito simples, de acordo com o recém-lançado "O Mito da Monogamia" (Editora Record): os homens são polígamos por natureza, e as mulheres são naturalmente infiéis.
Para resumir uma longa história que todos - desde Adão e Eva até Oscar Maroni, o dono da Bahamas' Club, na cabeceira de Congonhas – estão carecas de saber, a tese do casal de autores, os pesquisadores David P. Barash e Judith E. Lipton, é a de que o homem apresenta naturalmente um comportamento poligínico. Em outras palavras, a tendência natural (e não se deve ver aí um comportamento necessariamente obrigatório) é a de que o homem tenha muitas parceiras. O que faz até um certo sentido, quando se pensa na preservação da espécie. Por outro lado, se a mulher do Homo Sapiens não chega a apresentar um comportamento estritamente poliândrico, onde ela exigiria diversos parceiros, nem por isso ela é estritamente monogâmica. A fêmea também trai o seu "eleito". Aliás, é bom que o faça, porque onde é que os machos iriam buscar tantas parceiras se não houvesse algumas delas dispostas a "pular a cerca"? Evidentemente, tudo isso fluiria muito bem e naturalmente, de acordo com as regras da Natureza, não fôsse um pequeno detalhe: a intervenção daqueles que pretendem ditar regras de comportamento, invocando santidade, criando liturgias e solenidades, enfinhando caraminholas na cabeça dos desavisados e prometendo punições severas - quando não eternas - àqueles que ousem desobedecer seus ditames”
Isso é o que diz o articulista.
Essa história de que o papel do homem na preservação da espécie é fazer um monte de filhos está mais para mito do que para fato.
“Finalmente a Ciência teve a coragem de enfrentar a Igreja em seu último reduto: atesta, por meio de pesquisa séria, estruturada, que o casamento não passa de uma "união de fachada" para a maioria dos seres humanos - e isto por um motivo muito simples, de acordo com o recém-lançado "O Mito da Monogamia" (Editora Record): os homens são polígamos por natureza, e as mulheres são naturalmente infiéis.
Para resumir uma longa história que todos - desde Adão e Eva até Oscar Maroni, o dono da Bahamas' Club, na cabeceira de Congonhas – estão carecas de saber, a tese do casal de autores, os pesquisadores David P. Barash e Judith E. Lipton, é a de que o homem apresenta naturalmente um comportamento poligínico. Em outras palavras, a tendência natural (e não se deve ver aí um comportamento necessariamente obrigatório) é a de que o homem tenha muitas parceiras. O que faz até um certo sentido, quando se pensa na preservação da espécie. Por outro lado, se a mulher do Homo Sapiens não chega a apresentar um comportamento estritamente poliândrico, onde ela exigiria diversos parceiros, nem por isso ela é estritamente monogâmica. A fêmea também trai o seu "eleito". Aliás, é bom que o faça, porque onde é que os machos iriam buscar tantas parceiras se não houvesse algumas delas dispostas a "pular a cerca"? Evidentemente, tudo isso fluiria muito bem e naturalmente, de acordo com as regras da Natureza, não fôsse um pequeno detalhe: a intervenção daqueles que pretendem ditar regras de comportamento, invocando santidade, criando liturgias e solenidades, enfinhando caraminholas na cabeça dos desavisados e prometendo punições severas - quando não eternas - àqueles que ousem desobedecer seus ditames”
Isso é o que diz o articulista.
Essa história de que o papel do homem na preservação da espécie é fazer um monte de filhos está mais para mito do que para fato.
De nada adianta colocar filhos no mundo, se eles morrerem de fome, nada de perpetuação dos genes. A evolução privilegiou humanos que cuidam dos filhos e não apenas os geram. Não cuidar dos filhos é safadeza mesmo, não imperativo biológico.
Nada disto impede pular a cerca, claro. Só que fidelidade também é uma estratégia evolutiva, por assim dizer, homens exigem fidelidade para ter certeza de que estão arriscando seu pescoço caçando mamutes para dar de comer a filhos que sejam realmente seus, mulheres exigem fidelidade para se garantir que o homem cuide do seu rebento. Não é por acaso que em todas as culturas conhecidas existem laços matrimoniais e comportamentos infiéis sofrem algum tipo de punição. Quando um comportamento se faz presente em todas as culturas, as chances de que sejam exclusivamente fruto do ambiente social são desprezíveis.
Vincular a infidelidade de modo tão direto à perpetuação da espécie é errado. Ligá-la ao impulso sexual é mais correto. A natureza não é um projeto pronto e acabado, planejado por um engenheiro; as coisas vão se dando e acertos e erros se misturam até que só fique aquilo que funciona e o ambiente cultural só faz retardar a coisa (para o bem e para o mal).
Não adianta apelar para a biologia, infidelidade é safadeza mesmo, não tem jeito. Se não liga para convenções sociais, para que buscar amparo à transgressão? Simplesmente transgrida e fim de papo. De resto, ninguém é obrigado a casar.
A primeira frase do texto é de uma ingenuidade atroz e revela o caráter ideológico do texto. Ciência enfrentar igreja? Para que? Ciência descreve fatos naturais, conclusões teológicas, morais, filosóficas é coisa de quem interpreta essa descrição, não papel da ciência.
Ficar buscando justificativas para contrariar a igreja é admitir sua autoridade. Convencer os pais de que não é errado, que não tem perigo, que todo mundo, faz, enfim, conversar, mesmo aos berros, com os pais, é o que fazem as crianças. De adultos espera-se que simplesmente ignorem a autoridade que não reconhecem. Logo, parece que esse articulista reconhece a autoridade da igreja e age como uma criança, buscando que ela mude de idéia e chancele o desejo dele de pular a cerca. Fosse homem, pularia sem nem tomar conhecimento da igreja (ou o que for). Jalecos brancos não transformam crianças em homens.
Nada disto impede pular a cerca, claro. Só que fidelidade também é uma estratégia evolutiva, por assim dizer, homens exigem fidelidade para ter certeza de que estão arriscando seu pescoço caçando mamutes para dar de comer a filhos que sejam realmente seus, mulheres exigem fidelidade para se garantir que o homem cuide do seu rebento. Não é por acaso que em todas as culturas conhecidas existem laços matrimoniais e comportamentos infiéis sofrem algum tipo de punição. Quando um comportamento se faz presente em todas as culturas, as chances de que sejam exclusivamente fruto do ambiente social são desprezíveis.
Vincular a infidelidade de modo tão direto à perpetuação da espécie é errado. Ligá-la ao impulso sexual é mais correto. A natureza não é um projeto pronto e acabado, planejado por um engenheiro; as coisas vão se dando e acertos e erros se misturam até que só fique aquilo que funciona e o ambiente cultural só faz retardar a coisa (para o bem e para o mal).
Não adianta apelar para a biologia, infidelidade é safadeza mesmo, não tem jeito. Se não liga para convenções sociais, para que buscar amparo à transgressão? Simplesmente transgrida e fim de papo. De resto, ninguém é obrigado a casar.
A primeira frase do texto é de uma ingenuidade atroz e revela o caráter ideológico do texto. Ciência enfrentar igreja? Para que? Ciência descreve fatos naturais, conclusões teológicas, morais, filosóficas é coisa de quem interpreta essa descrição, não papel da ciência.
Ficar buscando justificativas para contrariar a igreja é admitir sua autoridade. Convencer os pais de que não é errado, que não tem perigo, que todo mundo, faz, enfim, conversar, mesmo aos berros, com os pais, é o que fazem as crianças. De adultos espera-se que simplesmente ignorem a autoridade que não reconhecem. Logo, parece que esse articulista reconhece a autoridade da igreja e age como uma criança, buscando que ela mude de idéia e chancele o desejo dele de pular a cerca. Fosse homem, pularia sem nem tomar conhecimento da igreja (ou o que for). Jalecos brancos não transformam crianças em homens.
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