quarta-feira, 15 de agosto de 2007

ESQUEÇA OS BOIS, A FARRA É OUTRA

Só mesmo num congresso brilhoso de lustra móveis se teria a petulância de discutir a beleza do projeto de emenda constitucional que dará estabilidade no emprego para funcionários públicos contratados sem concurso. Fosse pouco ainda tem quem queira, no mesmo embalo, que concursados para cargos do executivo possam ser estabilizados em cargos do legislativo, se convidados por deputado ou senador, a integrar o quadro respectivo.

Só no primeiro caso serão agraciados mais de 260 mil funcionários públicos, em contabilidade restrita ao âmbito federal. O pai da idéia é o deputado Celso Giglio, do PSDB paulista. É de oposição.

No segundo caso teremos o seguinte: camarada faz concurso para gari e no dia seguinte é chamado pelo deputado para integrar sua assessoria. Ou seja, presta para faxineiro e se apossa de salário de nível superior. O DNA aqui aponta o deputado Gonzaga Patriota, do PSB de Pernambuco. É do governo.

As PEC´s são as seguintes: 54/99 e 2/03. Podem ser consultadas no site da câmara: http://www.camara.gov.br/.

Vejamos quem são esses dois senhores. Celso Giglio, ex-prefeito de Osasco, já foi acusado de compra de voto, de interferir no processo de eleição de conselheiros tutelares com vistas a beneficiar seus apaniguados, irregularidades várias na administração do Instituto de Assistência Médica de São Paulo, teve suas contas eleitorais inicialmente rejeitadas pelo TRE, entre outras coisinhas.

Já Geraldo Patriota é acusado de receber um mensalão de R$ 20 mil e ajudar o cozinheiro Buani a obter do ex-presidente da Câmara dos Deputados Severino Cavalcanti aquele contrato que ao fim custou o mandato deste e nos apresentou a bela senhora Buani; emprega parentes no Congresso e afirma que o faz porque o nepotismo não está proibido, usou papel timbrado do Congresso para, ironicamente, fazer propaganda de gráfica de sua propriedade, entre outras coisinhas.

Histórico feito, avalie-se, como se queira e se possa, as intenções de ambos e as conseqüências do projeto.

Imagine se os deputados não fossem eleitos diretamente, mas indicados pelos chefes dos partidos, como se quer na tão perseguida reforma política.

Diante dessas tipicidades do Congresso brasileiro, até Ghandi perderia a paciência.

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