segunda-feira, 29 de outubro de 2007

A EMPOLATRIA ASININA

Copiando estilo alheio, trago a anedota abaixo e “depois volto”.

Um gerente de vendas recebeu o seguinte fax de um dos seus novos vendedores:

“Seo Gomis o criente de Belzonte pidiu mais cuatrucenta pessa. Faz favor toma asprovidenssa. Abrasso, Nirso”

Aproximadamente uma hora depois, o gerente Gomes recebeu outro fax...

“Seo Gomis, os relatório di venda vai xega atrazado proque to fexando umas venda. Temo que mandá treis mil pessa. Amanhã tô xegando. Abraço, Nirso”

No dia seguinte...

“Seo Gomis, num xeguei pucausa de que vendi maiz deis mil em Beraba. To indo pra Brazilha. Abrasso, Nirso”

No outro dia...

“Seo Gomis, Brazilha fexo 20 mil. Vo pra Frolinopolis e de lá pra Sum Paulo no vinhão das cete hora. Abrasso, Nirso”

E assim foi o mês inteiro. O gerente, muito preocupado com a imagem da empresa, levou ao presidente as mensagens que recebeu do vendedor semi-analfabeto

O presidente, homem muito preocupado com o desenvolvimento da empresa e com a cultura dos funcionários, escutou atentamente o gerente e disse:

Deixe as mensagens comigo. Vou ler e tomar as providências necessárias.

E tomou... Redigiu de próprio punho o seguinte aviso, para ser afixado no mural da empresa, ao lado das mensagens de fax do vendedor Nirso:

“A parti de oje nóis tudo vamo fazê feito o Nirso. Si preocupá menos em iscrevê serto, modo vendê maiz. Acinado, O Prizidenti”

Nossos invejáveis intelequituais são como o Seo Gomi, ainda que defendam o “direito” de cada um falar do jeito que bem entende, mas só, claro, quando se trata de falar contrariamente à gramática universal. É que por mais que digam que cada qual tem seu próprio modo de comunicar, no mérito, são exatamente como o gerente acima, cheios de fru-frus, mas substância mesma que é bom, necas. E dá-lhe discurso politicamente correto, com empolações e plumagens mil, mas conteúdo praticamente nenhum, quando muito. Usam e abusam da obscuridade, dos termos herméticos, das citações, do uso descontextualizado de informações científicas, mas ao fim tem-se o de sempre: pajelança, ritualismos e, claro, a idolatria desmedida pela ditadura “esclarecida”. No frigir dos ovos, em miúdos, no português claro, quase sempre é disto que se trata com estes nossos amantes do poder. Não se deixe enganar, por mais que defendam o modo Mano Brown de ser e falar, eles não são um Nirso, não vendem, não produzem, não comunicam, eles são só mais um Seo Gomi, preocupados em discutir tudo e fazer nada.

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