quinta-feira, 27 de setembro de 2007

NÃO JOGUE FORA O OVO PODRE

Pioneirismo brazuca. A Bolsa Mercantil e de Futuros realizou o primeiro leilão de créditos de carbono do mundo. Por conta da captura e uso de pouco mais de 800 mil toneladas de metano, provenientes dum lixão, a prefeitura de São Paulo e a empresa Biogás Energia vão dividir uma bolada de R$ 34 milhões, oriundos de leilão vencido pelo banco holandês Fortis Bank NV/AS, que pagou coisa de 16 euros por crédito R$ 2,6), equivalente a uma tonelada de carbono. Com isto, além de dar uma destinação economicamente vantajosa para o metano do lixo, incentiva-se fortemente o uso racional das fontes energéticas. É o conceito do poluidor-pagador em ação, para desespero dos ambientalistas mais xiitas.

Aceito, depois de muito custo, até por alguns ambientalistas, o conceito nasceu em Kyoto e afirma que quem não pode diminuir ou parar a emissão de gases poluentes a contento, pode comprar de terceiros o suficiente para, digamos assim, atingir a sua cota. É como se dentro da sua casa todos tivessem o direito de, em bom português, soltar 3 puns ao dia e você pudesse comprar um pum não solto por seu irmão e soltar quatro. Os xiitas, claro, preferem ver você açoitado por seu pai, mas com essa sistemática estimula-se fortemente o melhor aproveitamento das reservas energéticas e ambientais, pois a melhor maneira de se obter tais créditos é impedindo que as mesmas sejam apenas poluição pura e simples, transformando-as em ativos econômicos, o que não só beneficia o meio ambiente como incrementa a economia.

Os créditos nascem, grosso modo, de uma autorização dada por uma agencia ambiental para que seja emitida uma certa quantidade de poluição. Exige-se ainda que haja algum incremento neste economizar, como é o caso da geração de energia, ou seja, um plus para além do simples poluir menos. Se esta não for alcançada, o saldo em favor do poluente transforma-se em crédito, o qual pode ser negociado. No caso paulista, a prefeitura tinha a autorização pra que seu lixão emitisse uma certa quantidade de metano, com o aproveitamento econômico do mesmo, deu-se uma redução nessa quantidade, que gerou os créditos em questão.

Nem tudo são flores, claro, pois existe o risco de que países ricos acabem por poluir mais do que economizam os pobres, mas isto só é um grande problema para quem acha que grandes questões se resolvem numa tacada mágica. Considerando-se outros fatores de preservação, a idéia ainda é razoável e bem preferível à indústria da multa e da expropriação pretendida pelos eco-radicais.

Anote: uma gigantesca fonte de créditos de carbono são as usinas hidrelétricas. Sim, elas são bem poluentes, pois suas represas emitem muito e muito gás metano em razão do material orgânico decomposto no fundo das mesmas. Já há projetos, presos na burocracia, de se aproveitar esse gás em termelétricas construídas próximas. Mas bacana mesmo seria ver os ambientalistas projetando uma usina para aproveitar a montanha de gás que eles dizem que os bovinos emitem...

Em razão do interesse de grandes empresas e governos em comprar estes créditos, instituições financeiras estão procurando-as para ganhar com o ágio, fazendo, grosso modo, o que já fazem com o dinheiro em geral: captam no varejo e disponibilizam no atacado. Aliás, o projeto Aterro Bandeirantes é administrado pelo Unibanco, principal consumidor da energia ali produzida, em parceria técnica com a empresa Biogás Energia, juntamente com a prefeitura.

O incremento financeiro deve colocar um pouco de chão nos devaneios ambientalistas. Espera-se.

2 comentários:

Anônimo disse...

As novas são animadoras...

...mas sua explicação do conceito - a comparação que estabelece - é um tanto... bem... o que deu em você?? :)

John disse...

Poderia falar em arrotos, mas acho que não seria uma imagem lá muito didática para a questão.