quarta-feira, 5 de setembro de 2007

RESTAURANTE PRECISA DE PEDREIRO PARA COMANDAR SUA COZINHA INTERNACIONAL

Enquanto no empresariado os cientistas vão se metendo em MBA´s (aliás, foi assim que tudo começou) para administrar melhor seus laboratórios e recursos, o poder público brasileiro vai na contra-mão e ao invés de ajudar pesquisadores a se tornarem administradores colhe burocratas para comandar pesquisadores. Há dois exemplos notórios disto acontecendo, provando ainda, mais uma vez, que petistas e tucanos são sim farinha do mesmo saco. Lula nomeou um jurista para dizer quais programas televisivos são ou não bons para a formação infantil, ou seja, meteu um advogado para trabalhar de psicólogo. Serra, por seu turno, colocou um jurista embaixador para chefiar a maior agência de pesquisas do país. É a burocracia reinando sobre o saber.

Já se escreveu aqui sobre o Sr. Eduardo Elias Romão, chefe do departamento de censura, ops, de justiça, classificação, títulos e qualificação do Ministério da justiça (DEJUS), órgão responsável pela classificação indicativa, antes pretendida impositiva, da programação televisiva. Foi dito o seguinte: O chefe do DEJUS, segundo o site do MJ, é bacharel em direito pela UFMG, mestre e doutorando em direito pela UNB. O próprio site informa que ele tem experiência em direito e que suas especialidades são o Direito Público, com ênfase em mediação, história do direito, estado democrático, paradigma, conflito e mediação (a redundância está lá no site). Necas de psicologia, pedagogia, ou qualquer outra coisa que lhe permita saber como funciona o processo de formação de identidades, a formação do conhecimento e demais processos cognitivos, enfim, nada que lhe permita dizer com um mínimo de racionalidade quais programas são ou não adequados para crianças e adolescentes. Basicamente, é como se o presidente indicasse para o STF um psicanalista.

Pois agora o governador paulista, tucano José Serra, indica para a FAPESP, a maior instituição científica do país, um outro burocrata, o ex-ministro do exterior, Sr. Celso Lafer, que vem a ser um jurista. Que advogado nesse mundo um dia pisou num laboratório e sabe a diferença entre um transistor e um chip? O homem pode ser o tal na sua área, mas para comandar o maior orçamento científico do continente é claro que não serve. Conceda-se: Palocci era médico e levou bem o Ministério da Fazenda, mas, não esqueçamos, a política econômica já fora desenhada e ele é um político que ocupou um cargo também político.

É clara a intenção de manter a instituição em rédeas curtas, colocando gente do círculo político ao invés de buscar funcionários de carreira ou de notória especialidade.

Algum maldoso pode pensar também que se trata de alguma forma de dar cargos aos aliados, pura e simplesmente. Se for só isso, está bom.

Nenhum comentário: