quarta-feira, 14 de novembro de 2007

NATUREZA DISLÉXICA E DALTÔNICA

Se você é dos que acham que o mundo, o universo, a natureza possuem alguma lógica, aqui vai um fato bem contrário à idéia. Foi reverberada aqui (http://ocontra-ponto.zip.net/arch2007-08-19_2007-08-25.html#2007_08-23_17_11_23-11352788-0) a notícia sobre a pesquisa que encontrara no nariz a explicação para a diferença entre os sexos. Dos fatos escreveu-se o seguinte: Pessoal de Harvard e do Instituto Médico Howard Huges, capitaneados por Catherine Dulac, Jennings Xu e Tali kimchi, descobriram pode ser no nariz que se ache o pivô das diferenças entre os sexos de vertebrados, mais especificamente o órgão vomeronasal, responsável por detectar os feromônios. Pois os pesquisadores descobriram que fêmeas de camundongo, quando nascem sem o órgão, comportam-se como machos, inclusive subindo em outras fêmeas.

A Dra. Catherine ficou particularmente surpresa: “os resultados são surpreendentes. Ninguém imaginava que uma simples mutação poderia induzir fêmeas a se comportar como machos”.

A Dra. Catherine tinha uma hipótese maluca de que se desligasse o dito órgão nos machos, estes passariam a se comportar como fêmeas. Ela levou a coisa adiante e acabou acertando. A natureza realmente não é lógica.

O fato, agora, é que ratinhos com o vomeronasal desligados realmente se comportam como fêmeas. E isto é uma maluquice, sem dúvida. Pense o seguinte: se você fosse montar um robô que repetisse o crescimento humano, desde antes da definição de sexos, colocaria um, digamos, programa que acionasse caracteres femininos ou masculinos conforme uma dada situação. Até aí, é o normal da coisa: se ocorrer X, então o robô se tornaria mulher, não ocorrendo, manter-se-ia homem (ou inverso, tanto faz). Mas para que dois programas? É o que a natureza fez, aparentemente, com os ratinhos. As fêmeas nascem com um botão “macho” desligado e os machos com um botão “fêmea” desligado. Considerando que a natureza, através de erros e tentativas, sempre acaba, por assim dizer, optando pela via menos custosa, afinal especialmente entre seres vivos, energia é algo realmente caro, esta mistura é um desperdício de material (e da energia usada na sua confecção), posto que é simplesmente inútil um gene com a mesma função, mas sinal trocado, em machos e fêmeas, algo como uma variável com mesmo sinal em ambos os lados de uma equação qualquer (porque se anulam são inúteis).

Mas...alguém pode dizer que talvez haja uma explicação: talvez o comportamento tenha muito pouco a ver com o corpo (o que também seria uma violação à lei do menor esforço reinante na natureza, em se tratando de produto acabado) e machos e fêmeas passem a se comportar como tal à medida em que identifiquem e, principalmente, se diferenciem do sexo oposto e, assim, um ratinho que não consegue identificar as fêmeas acaba se comportando como uma. O problema é que assim sendo não há razão alguma para que machos se comportem como fêmeas e estas como aqueles, porque o normal seria que ambos se comportassem de um só modo ao não identificar o sexo oposto. Esta hipótese, ainda mais maluca, traz uma questão pertinente: os comportamentos sexuais independem dos corpos? Se a resposta for positiva, é bem razoável assim pensar, então o homossexualismo ganharia mais uma base científica. Claro, sempre haveria o velho problema de se confrontar a moral vigente com a ciência, um erro crasso que vem se repetindo ad nauseam por esses dias.

Uma pesquisa dessas, em que pesem as ressalvas de sua pouco ou improvável aplicação a humanos, vem em reforço à idéia bem new age de que todo homem tem um pouco de mulher e vice-versa. Coisa clara e completamente inútil sob qualquer ponto de vista, posto que as relações entre ambos não precisam de tamanhas imbricações científicas para tomarem este ou aquele rumo. Mais uma vez: ciência não é para se opor à moral, é para melhor descrever o mundo natural. Com este conhecimento podemos, conforme seja mais ou menos razoável, alterar nossa moral.

Seja como for, taí o braço bem torcidinho. Mas que a hipótese da Dra. Catherine era maluquice, lá isso era.

2 comentários:

Anônimo disse...

É, amigo John, na maioria das vezes lemos coisas desse pessoal das altas esferas científicas que publicam complexas teses porque ninguém pode provar nada no sentido contrário. Sobre esses escritos e ostensivas campanhas publicitárias, hoje escrevi algo no meu blog - gentileza acessar http://admiraveldesedizer.blogspot.com/

Anônimo disse...

Mas sabes que mesmo com o braço torcido não me convenci ainda?

Bem, pelo que entendi, a parte que eu achei que faltava na pesquisa da outra vez foi feita... o teste com os machos...mas ainda assim...tens a matéria? manda pra mim?