quinta-feira, 8 de novembro de 2007

CONTRA A MARÉ, TODO SOPRO É BEM VINDO

Longe de serem grandes filmes, mesmo para padrões Hollywoodianos atuais, vale a pena dar uma olhada em dois filmes nem tão recentes, que, de bom mesmo só tem a presença de dois medalhões em boa forma. É que ambos são inéditos em expor vertentes contra a corrente atual do politicamente correto. Já é o suficiente a pagar o ingresso e a pipoca.

Um é o Mercador de Pedras, que defende cruamente a existência de uma guerra de civilizações, assunto nem sequer ventilado na cultura Timeseana atual; no elenco, Harvey Keittel, como um vendedor de pedras raras conquistador do mulherio, uma bizarrice que já paga o ingresso. O vendedor é um muçulmano integrante de uma célula terrorista, que vem a conhecer a esposa de um jornalista paranóico, mutilado das pernas num atentado. Deixa claro, e pode ser dito sem estragar o final, que os terroristas não querem algum espaço no mundo, querem é por abaixo a civilização ocidental. Fala claramente da versão wahabita do islã e da sua predominância na política do oriente médio, inclusive na Arábia Saudita, até hoje considerada aliada dos EUA.

O outro é Os Invasores, no qual se expõe exatamente o que vem a ser um mundo coletivista e em que as pessoas deixam seus interesses e emoções de lado em prol de um bem comum, outro tabu atacado de frente, já que impera para todo canto a idéia de que devemos agir na base do altruísmo; conta com Daniel Craig, o atual 007, num papel inócuo e numa atuação bem aquém e com a sempre e cada vez mais bela Nicole Kidman, numa boa atuação, pela falta de maneirismos, como a psiquiatra que encarna o lado ruim da humanidade, ou seja, aquele em que cada um cuida de si e procura não atrapalhar os demais e só. Um vírus alienígena começa a transformar as pessoas em seres insensíveis, que só fazem, digamos assim, o que é bom para todos, deixando de pensar e agir individualmente, posto que não possuem mais emoções, logo não são mais egoístas, ranzinzas, etc. Conforme se espalha, guerras vão se acabando, a violência diminui. Só que ninguém deseja mais nada, exceto servir à uma missão não muito bem esclarecida. No final, também sem estragar surpresa nenhuma, uma repórter pergunta a um cientista se de fato o vírus era carta fora do baralho, o qual responde apenas: você tem lido os jornais? O mais corajoso do filme é dizer que um mundo ideal só é possível se abdicarmos de nossa humanidade.

É de se dizer, mais uma vez, e que venham outras, que nem tudo está perdido, afinal. Parece.

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