Tem a ver com sobrevivência da espécie, não com certo ou errado, mas recente pesquisa americana marcou mais um gol na peleja batida entre, digamos, inatistas e, digamos, culturalistas; tento pro primeiro time. A bem da verdade, é coisa passada a briguinha, mas que resta ainda tradicional em certos círculos, especialmente nas humanas que insistem em dizer que estão vencendo, mais particularmente no nosso amado país. Trata-se do fato de que crianças que nem começaram a falar já sabem distinguir entre pessoas boas e más. Lembremos: sem comunicação não há cultura, portanto, as crianças não foram ensinadas a distinguir entre, vá lá por licença poética, o certo e o errado. Inteligência social é menos social do que biológica. O estudo foi publicado na Nature.
Turma de Yale, capitaneada pela Dra. Kiley Hamlin, fez um estudo bastante simples até: pegou doze nenês com seis meses de idade e outros dezesseis com dez, fazendo com que assistissem várias vezes um desenho animado, desenvolvido pela equipe, cuja história envolvia três personagens. A primeira, subia uma montanha; a segunda, ajuda a primeira, empurrando-a para cima; a terceira, atrapalha a primeira, empurrando-a para baixo. Ato seguinte, os pesquisadores mostraram aos bebês bonecos das segunda e terceira personagens para que escolhessem entre um e outro. Todas as crianças de seis meses e catorze dos de dez escolheram o boneco que ajudava a primeira personagem a subir a montanha. Enfim, crianças são capazes de escolher entre pessoas que fazem coisas boas e más. Ninguém ensinou, até porque é impossível ensinar algo dessa complexidade sem a fala. Portanto, seres humanos possuem um sentido inato do que sejam condutas boas e más, aceitáveis ou não dentro de um ambiente social.
Os pesquisadores afirmam que tais descobertas indicam que os “humanos realizam avaliações sociais num estágio muito anterior de desenvolvimento do que se pensava, e sustenta a tese de que a capacidade de avaliar indivíduos com base em suas interações sociais é universal e não depende de aprendizado”.
Para ter certeza de que não haveriam outras explicações, a galera de Yale fez outras experiências quanto às preferências dos infantes, as quais afastaram, por exemplo, a possibilidade de que eles simplesmente preferissem coisas que sobem ao invés de coisas que descem; ou então que se se tratasse das aparências do bonecos.
Segundo a Dra. Hamlin, não se pode dizer desta predileção “se é algo inato, mas podemos dizer que é algo pré-lingüístico”. E acrescentou: “Nós não achamos que esses bebês têm qualquer noção de moral, mas parece ser uma parte essencial da moralidade sentir uma empatia por aqueles que fazem coisas boas e o contrário por aqueles que fazem coisas más – parece ser uma parte importante de um sistema racional e moral que virá depois.”
A Dra., ao que tudo indica, só não quis por o dedo na ferida e nem meter a mão em cumbuca, porque se crianças sem aprendizado diferenciam pessoas boas de pessoas más, conforme suas ações, então isto só pode ser inato.
Quem quiser acreditar que isto anula o papel da educação, fique à vontade. Mas dá para dizer que, entre outras coisas, a educação pode manter e reforçar este, digamos assim, instinto. E, claro, também pode anular. Enfim, o maniqueísmo fica por conta do freguês, a pesquisa só retratou a natureza, mostrando como ela é. O que se faz desse conhecimento é outro papo. Sempre é.
Turma de Yale, capitaneada pela Dra. Kiley Hamlin, fez um estudo bastante simples até: pegou doze nenês com seis meses de idade e outros dezesseis com dez, fazendo com que assistissem várias vezes um desenho animado, desenvolvido pela equipe, cuja história envolvia três personagens. A primeira, subia uma montanha; a segunda, ajuda a primeira, empurrando-a para cima; a terceira, atrapalha a primeira, empurrando-a para baixo. Ato seguinte, os pesquisadores mostraram aos bebês bonecos das segunda e terceira personagens para que escolhessem entre um e outro. Todas as crianças de seis meses e catorze dos de dez escolheram o boneco que ajudava a primeira personagem a subir a montanha. Enfim, crianças são capazes de escolher entre pessoas que fazem coisas boas e más. Ninguém ensinou, até porque é impossível ensinar algo dessa complexidade sem a fala. Portanto, seres humanos possuem um sentido inato do que sejam condutas boas e más, aceitáveis ou não dentro de um ambiente social.
Os pesquisadores afirmam que tais descobertas indicam que os “humanos realizam avaliações sociais num estágio muito anterior de desenvolvimento do que se pensava, e sustenta a tese de que a capacidade de avaliar indivíduos com base em suas interações sociais é universal e não depende de aprendizado”.
Para ter certeza de que não haveriam outras explicações, a galera de Yale fez outras experiências quanto às preferências dos infantes, as quais afastaram, por exemplo, a possibilidade de que eles simplesmente preferissem coisas que sobem ao invés de coisas que descem; ou então que se se tratasse das aparências do bonecos.
Segundo a Dra. Hamlin, não se pode dizer desta predileção “se é algo inato, mas podemos dizer que é algo pré-lingüístico”. E acrescentou: “Nós não achamos que esses bebês têm qualquer noção de moral, mas parece ser uma parte essencial da moralidade sentir uma empatia por aqueles que fazem coisas boas e o contrário por aqueles que fazem coisas más – parece ser uma parte importante de um sistema racional e moral que virá depois.”
A Dra., ao que tudo indica, só não quis por o dedo na ferida e nem meter a mão em cumbuca, porque se crianças sem aprendizado diferenciam pessoas boas de pessoas más, conforme suas ações, então isto só pode ser inato.
Quem quiser acreditar que isto anula o papel da educação, fique à vontade. Mas dá para dizer que, entre outras coisas, a educação pode manter e reforçar este, digamos assim, instinto. E, claro, também pode anular. Enfim, o maniqueísmo fica por conta do freguês, a pesquisa só retratou a natureza, mostrando como ela é. O que se faz desse conhecimento é outro papo. Sempre é.